Quando abandonamos as lamentações, só nos resta mudar



Lamentar é diferente dos outros verbos, pois não propõe ação. Se analisarmos com calma outros verbos, como andar, cantar e lutar, teremos nas entrelinhas dos seus respectivos significados a ideia de movimento, de mudança de estado e de sensações que não se aplicam a lamentação. Se desmembrarmos a palavra lamentação, temos a ação de lamentar. Lamentar pressupõe fincar raízes naquilo que nos desapontou ou que pelo menos deveríamos ter feito, mas por outra decisão não fizemos. Em outras palavras, lamentar não propõe mudança, movimento ou sequer transformação e sim uma inércia sem fim.
Manter-se em inércia, diante das mudanças que temos que realizar em nossas vidas, nos impossibilita sair do estado indesejado para o estado que almejamos. Nenhum pré-requisito da lamentação nos desloca da inércia ao movimento necessário as mudanças, mas quanto  desapegamos das raízes que nos fincam aos motivos que lamentamos, o movimento em direção ao que desejamos, é a nossa única alternativa.
Mudança vem do latim MUTATIO, que se refere a “mudar de lugar”.  Mudar de lugar por si só dilui qualquer ideia de inércia ou mesmo lamentação. Quando estou decidido a mudar, já determinei para onde quero ir. Tendo para onde ir, os ventos oportunos ou mesmos as oportunidades tornam-se mais visíveis. Os romanos eram habituados a nomear os ventos que só seriam oportunos, se os navegadores soubessem para onde queriam ir. A palavra oportunidade nasce dessa compreensão. Se nos apropriarmos do hábito romano de nomear ventos em oportuno ou em inoportuno como uma boa metáfora para a vida, teremos em cada um de nós um navegador em nosso porto seguro a esperar a “opportunus”, ou seja, a oportunidade favorável, adequada ou desejada.
As oportunidades não surgem. Elas são criadas por nossa pré-disposição a mudar de lugar (“mutatio”)  e  por  nossa  pré- disposição a abandonar as lamentações que nos enraízam e nos impedem de navegar sob ventos oportunos ou ao menos de ser o que queremos ser.
Quando abandonamos as lamentações, só nos sobra a mudança. Abracemos esse movimento constante de oportunidade, presente em cada acontecimento das nossas vidas. Assim, os percalços, os obstáculos e as dificuldades encontradas em nossas biografias sofrerão uma metamorfose e tornar-se-ão ressignificações para a conquista dos nossos objetivos.             

  

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