O prelúdio do fim ou o início de alguma coisa?

Poderia ter sido mas um dia de ressaca pós-embriaguez de fim de ano, mais o dia 03 de janeiro, ficou marcado pela confirmação da fragilidade coletiva para boatos, bem como, a capacidade de parar uma cidade. O transtorno e a solidariedade vampira afloraram como semente em solo fértil. A hipocrisia da renovação natalina foi diluída pela sensação de insegurança e o “punir e vigiar”, representado pelas viaturas robusta do Ronda do quarteirão, deu lugar, ao sentimento de orfandade perene que nos acalenta no cotidiano alencarino.
Por um instante, a profecia de Raul Seixas, quanto a Terra parar, seria possível. Se a Terra não parou, Fortaleza quase conseguiu. Será que a nossa capacidade de aglutinação tão banalizada e inutilizada durante as Copas do Mundo e o nosso espírito cooperativo tão reduzido a bandeirinhas de ornamentação futebolística, não poderia dá lugar a outros fins? Será, se todos nós, em um só corpo, resolvêssemos transtornar as estruturas ilógicas dessa sociedade excludente, contraditória e fabricadora de desigualdades, que resultados teríamos?
Os fundamentalistas xiitas cristãos, islâmicos ou de qualquer outra denominação ultraradical apostaram no prelúdio do fim e venderam a alternativa salvacionista em suas homilias ou em suas publicações impressas em camuflagens de auto-ajuda que na verdade, engordam os cofres de seus autores e viciam os desavisados. Os céticos refletiram e compreenderam com uma quebra de paradigma que pode está dando fim ou o início de um novo ciclo.
O fato é que estamos em guerra e, com se profetizou no passado, ansiamos por paz . Paz que não se restringe a passeatas pasteurizadas por uma massa em pleno estado de anestesia e disposta a seguir um líder ou guru que lhe fale do óbvio, mas uma que revele uma militância cotidiana e, como Raulzito proferiu, não espere a morte chegar, com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar.
Começo, fim ou mesmo o meio, o que realmente importa é estarmos incomodados com a inércia do gozo permanente, intrigados com a fantasia disfarçada de realidade ou utopias perdidas de aparências metidas a essências.
Um quem sabe, a todas as situações semelhantes ao Fortaleza, 03 de janeiro de 2012, não como prelúdio de uma esperança filha da decepção, mas como uma oportunidade ímpar, de termos freios bruscos que nos levem à choques de realidade.

Kildery Amorim Maciel

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