Entre a complexo de vira-lata e a carência de Heróis
No
dia 7 de setembro de 2017, 195 anos após a “Independência do
Brasil”, estreou em todo território nacional o ufanista Polícia
Federal: A lei é para todos. Se
não bastasse a data ufanista de uma independência que não ocorreu,
visto a acomodação política da monarquia absolutista português
para o império “absolutista” de D. Pedro I ,
o subtítulo “A lei é para todos”
deixa a falsa sensação que agora as coisas irão mudar. Será?
O que me é mais estranho, após assistir o filme: Polícia
Federal: A lei é para todos,
me reportei a mesma sensação sentida em 2011 quando assistir o
filme: Assalto ao Banco Central. Na
ocasião em 2011, durante a sessão de cinema,
não era difícil encontrar
ou mesmo escutar comentário
eufóricos quanto a expertise dos assaltantes envolvidos naquele que
seria o maior assalto à banco da história do Brasil, senti de
imediato um sentimento que paira sobre o ar desde a tenra idade do
país, muito embora, acanhado e travestido pela complexo
de vira-lata, uma carência
psicótica de heróis. O que me é mais estranho, embora tenha
sentido a mesma sensação, seis anos depois, assistindo um outro
filme,a abstinência por heróis nacionais aflora mas,
de uma forma mais
latente aos vilões do que aos supostos mocinhos dos clássicos
hollywoodianos, em outras
palavras, os espectadores vibraram mais com a engenharia que envolveu
o plano de assalto ao banco central de Fortaleza, do que o desmonte
ou investigação do esquema de corrupção titulado de Operação
Lava Jato .
Em
um país de muitas ausência como o Brasil a linha
entre ocomplexo de vira-lata e a carência de heróis é muito
tênue. O complexo de vira-lata é uma expressão criada pelo
dramaturgo fluminense Nelson Rodrigues na ocasião da derrota
esportiva do escrete nacional na fúnebre, segundo os brasileiros,
final Copa de 50 no Maracanã. Sobre o complexo de vira-lata fala
Nelson Rodrigues:
“Por
"complexo de vira-lata" entendo eu a inferioridade em que o
brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. O
brasileiro é um
narciso
às avessas,
que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos
pretextos pessoais ou históricos para a autoestima”.
Logo,
diante desta bipolaridade comportamental podemos nos definir com
vira-lata carentes de heróis a espera de um salvador da pátria que
nos remova dessa letargia ou dessa morosidade cidadã. Nos
torna meros espectadores passivos da transformação e da
reconstrução cívica do pais. Se
não
tomarmos
consciência de nossas crenças e de nossas descrenças diante de um
novo paradigma, poderemos
tirar o
país
desse
estado de neblina que nos dota de um ansiedade angustiante que pode
ser surpreendido com curva sinuosa e levar-nos ao óbito.
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